Hoje sonhei com você

Querido amor platônico,


Hoje sonhei com você. Ontem também sonhei com você. Antes de ontem eu também sonhei com você. É verdade que não é nenhuma novidade: desde que te conheci sonho com você todos os dias. A maioria dos sonhos são sobre como nosso casamento é lindo ou sobre como vamos nomear nossos filhos. Não é só dormindo que sonho com você. Sonho com você acordada também, e é isso que eu faço a maior parte do tempo.


Mas essa noite sonhei que você beijava outra pessoa. Acordei muito assustada. Acordei muito assustada e muito triste. Quem você pensa que é para invadir o meu sonho e beijar outra pessoa dentro da minha própria cabeça? O problema é que nem no sonho eu podia brigar com você por estar com outra pessoa, porque mesmo não tão consciente eu tinha lucidez o suficiente para saber que nem em sonho você é meu. Não ser meu, porém, não te dá o direito de invadir a minha mente e beijar outra pessoa, assim na minha cara. A verdade é que não quero ver você beijando outras pessoas nem em sonho.


Freud dizia que sonhos são desejos do inconsciente, maldito seja Freud. Em nenhum resquício do meu ser - nem mesmo no meu inconsciente - é capaz de existir alguma pontinha de desejo de ver você beijando alguém. Talvez exista, lá no fundo, na ponta de um iceberg gigante, o desejo de que você seja muito feliz, independente de com quem, mas por enquanto eu sou só egoísta mesmo.


Nunca fui egoísta. Não gosto das pessoa que praticam esse estilo de vida. Mas em relação a você eu não consigo ser diferente. Eu quero você só pra mim. Quero seu sorriso só pra mim. Quero seus abraços só pra mim. Quero que suas mãos segurem só as minhas. Talvez Freud esteja rindo agora mesmo em seu túmulo ao pensar “tola, o inconsciente claramente está dizendo alguma coisa!” mas eu me recuso a ouvir. E tenho esse direito.
Por isso, já que não posso o proibir de beijar outras pessoas ou de doar seus sorrisos, abraços e mãos para os mesmos eu peço para que tenha o mínimo de decência de não invadir meu sonho, se não for para escancarar nossa felicidade utópica.


Beijos,

seu amor (mesmo que você ainda não tenha percebido).

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